Seu Nicolau do São Vicente partiu 

Um senhor cabra bom de trabalho. Fazia tudo na maior tranquilidade. No tempo dele. 

Seu Nicolau do São Vicente partiu  seu Nicolau Paulino Neto Notícia do dia 17/02/2022

Talvez a juventude não conheça ou nunca tenha escutado nada sobre Nicolau Paulino Neto, o “seu Nicolau”, que encontrou a vida eterna, como dizem os cristãos, após deixar esta terra as 11h desta quinta-feira, dia 17 de fevereiro de 2022. 

 

Seu Nicolau estava com 80 anos. Era o sócio e proprietário do “Motel do Nicolau”,  no Bairro de São Vicente de Paulo, sem dúvida o mais antigo em atividade na Ilha de Parintins, onde amores antigos e novos começaram ou terminaram. Mas no local tiveram intensos momentos. Se você não conhece, pergunte aos mais antigos. 

 

São centenas de histórias populares retratadas  de maneiras diferentes nesse ambiente. Mas seu Nicolau mesmo, nunca abria a boca para tocar no assunto de qualquer cliente. Pois apesar do pouco estudo, de forma inteligente, sabia que o segredo do sucesso nessa área é a descrição e confidencialidade. 

 

Com a perda de seu Nicolau, destas “paragens” também o meu querido bairro do Ropoca, como é chamado pelos mais antigos o São Vicente, perde um pouco de sua história. De uma memória viva. 

Essa geração que forjou com muita garra, suor, lutas e audácia o bairro. Essa geração acordava cedo, fazia sol ou tempestade, sempre quiseram mais do que a ambição de vencer na vida, queriam ter uma vida sossegada. 

 

Lembro que seu Nicolau sempre foi prestativo com todos. Ajudava no que podia e quando podia.  O dia 17 de maio sempre era uma data festiva. Quando me entendo por gente no meu querido bairro, seu Nicolau já era um senhor de mais de 50 anos. Um senhor de corpo avantajado, de pouca voz, barba que as vezes parecia com um padre italiano e muita alegria sempre. Claro, como todo ser humano, teve seus defeitos. Mas quem mesmo não os têm?  

Era uma época que, apesar das dificuldades que as famílias padeciam e sem ajudas extras que hoje dispõem de governos e afins, sempre davam o jeito para criar os filhos e filhas. 

 

Quando eu estava padeiro na Padaria do Seu Penteado Rodrigues, várias vezes presenciei seu Nicolau saindo do serviço. Depois de uma longa noite de trabalho. Mas antes das 10h ou 11h já o reencontrava na rua fazendo as coisas. Um senhor cabra bom de trabalho. Fazia tudo na maior tranquilidade. No tempo dele. 

 

Devido ser proprietário de Motel, seu Nicolau vez sim, vez não, era perseguido pelas “gente da moral e bons costumes”, mas com o tempo isso foi diminuindo. No entanto, nunca negou ajuda para os eventos sociais da Igreja Católica de São Vicente de Paulo e para outras Igrejas Evangélicas.  Numa época que as ruas do bairro eram só terra sem asfalto ou apenas ruas com piçarras. Quando chovia era um Deus nos acuda. Tempo da turma jogar bola no quintal do "Casarão"do seu Orlando Hatta e torcer pelo São Vicente no Campo do Londrina. Uma época divertida. 

 

Nosso bairro do Ropoca fica órfão de mais um de seus ilustres moradores. Fico a imaginar uma boa conversa entre seu Nicolau, seu Amaro Malcher, Maguila, seu Zé Crente, seu Bernardo barbeiro, dona Chica, dona Luiza, dona Raimunda, Dona Silvana, seu Manuel Cardoso o “Manduca”,   Paulo Henrique, Seu Felix, Seu Afonso, seu Petronio e tantos outros das antigas, numa boa conversa no Céu. Sendo espiados de perto pelo mais jovens Ernâni Madruga, Berna, Huk, Ramonei, Boi, Paulo Henrique, Marcelo, Picote, Leco que também já partiram. 

 

Meus pêsames a todos os familiares do seu Nicolau Paulino, seus filhos, filhas, netas e netos. Seus irmãos e irmãs. 

Texto: Hudson Lima

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